Chá das 17h

Ingrid Machado

Ingrid Machado: Atrizteza, só que não. ingridmachadu@hotmail.com

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

POMBA GIRA.



Aina sumiu.

Aina!!!

Aina???

A-i-N-a

Aina, aina, aina…

Oma Aina.

Ploft.

Clap clap.

Ploft

Aina, aina, aina…

Não está dentro da casa, não esta perto do lago, não esta entre o capim, Aina não quer me ver, Aina sumiu, será que volta? Aina cadê você?

Aina...

Nhoc, nhoc, nhoc.

Clap

Não esta debaixo da cama, nem perto da pia do banheiro, não esta na macieira nem de longe consigo sentir o seu cheiro... Ainaaaa la la la Ainnaaa...

Coceira inconveniente perto dos paises baixos, o menino loirinho fala a minha fala, quem é você? CLAP! Hun.

Lalalalalalalala....

Ploft. Aina. Clap. Aina. Ploft. Ploft. Ploft. Clap. Atchim.

Aina sumiu.

A

I

N

A

A

I

N

A

A

I

N

A

Tcharam.

Pombo amarelo na mão, três pintinhas de sangue no rosto, respira e solta. Fin...



RETICÊNCIAS.



Eu costumava rabiscar mais as últimas folhas do caderno.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

POEMA 20 - PABLO NERUDA




"Puedo escribir los versos más tristes esta noche.

Escribir, por ejemplo: "La noche esta estrellada,
y tiritan, azules, los astros, a lo lejos".

El viento de la noche gira en el cielo y canta.

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Yo la quise, y a veces ella también me quiso.

En las noches como ésta la tuve entre mis brazos.
La besé tantas veces bajo el cielo infinito.

Ella me quiso, a veces yo también la quería.
Cómo no haber amado sus grandes ojos fijos.

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Pensar que no la tengo. Sentir que la he perdido.

Oír la noche inmensa, más inmensa sin ella.
Y el verso cae al alma como al pasto el rocío.

Qué importa que mi amor no pudiera guardarla.
La noche está estrellada y ella no está conmigo.

Eso es todo. A lo lejos alguien canta. A lo lejos.
Mi alma no se contenta con haberla perdido.

Como para acercarla mi mirada la busca.
Mi corazón la busca, y ella no está conmigo.

La misma noche que hace blanquear los mismos árboles.
Nosotros, los de entonces, ya no somos los mismos.

Ya no la quiero, es cierto, pero cuánto la quise.
Mi voz buscaba el viento para tocar su oído.

De otro. Será de otro. Como antes de mis besos.
Su voz, su cuerpo claro. Sus ojos infinitos.

Ya no la quiero, es cierto, pero tal vez la quiero.
Es tan corto el amor, y es tan largo el olvido.

Porque en noches como ésta la tuve entre mis brazos,
mi alma no se contenta con haberla perdido.

Aunque éste sea el último dolor que ella me causa, y éstos sean los últimos versos que yo le escribo."

Claro que não é verdade.




Não sei bem o que deu nele, na verdade não sei bem o que deu em mim. Depois de tudo ainda sinto uma dor tão grande bem dentro, e ainda o chamo para conversar. Claro que não é cara a cara. Imagina, eu e ele cara a cara. Nunca. Assim eu, não, espero. Conversamos besteiras, sobre o tempo, sobre ele sobre mim, só isso. Foi bem estranho, parecia que eu tinha desaprendido a escrever e o mesmo pareceu com ele, ele me disse que estava saindo mais com os amigos, ele até me disse que tinha amigos. Esquisito. Vão os anéis mais ficam os dedos. Eu tinha uma tia que vivia falando isso seja lá para o que for, “ah tia perdi a tarracha do meu brinco” “vão os anéis mais ficam os dedos” “tia, não gosto de nozes” “vão os anéis mais ficam os dedos” “tia, meu namoro acabou” “vão os anéis mais ficam os dedos”. E sinceramente, acho que ela esta certíssima. Um bom exemplo seria em casamentos, quando eles acabam qual é a primeira coisa a ir? É eu sei, primeiro vão os homens, depois a sua força, depois as roupas dele, depois as lágrimas, depois a depressão, depois a desilusão, depois o anel de casamento. A minha amiga tinha ganhado um pneu tão grande que depois do casamento o vendeu e valeu um bom dinheiro! Esperta ela. O duro foi que eles depois voltaram e o anel já não existia mais. É, tem anel que vai, e quando vai não volta mais. Triste não?

domingo, 26 de setembro de 2010

THE SEA.



Um dia me perguntaram, amor
E eu respondi amar.

Um dia me perguntaram amor
E eu respondi, amar

Um dia, me perguntaram, amor
E eu, respondi, amar

Um dia. Me perguntaram. Amor.
E eu respondi. Amar.

Um dia me perguntaram... amor
E eu... respondi... amar

Umdiameperguntaramamor
Eeurespondia a m a r

eurespondiamar
euRESPONDIamar
e-u-r-e-s-p-o-n-d-i-a-m-a-r.
eu respondi...
a-mar.

HAMMERING IN MY HEAD




Odeio estar perto da cor vermelha. O antes de chegar é sempre pior, bem solitário, com conta-gotas e dores de cabeça. Os dias antes de chegar são sempre piores, não dá para estudar, se concentrar ou parar de comer doces e deixar o almoço de lado. Esses dias, os dias antes de chegar, são sempre irritantes, são daqueles que ninguém chega perto, que a impaciência predomina e que você machuca quem você gosta. Ah... Os dias antes de chegar são as unhas comidas, noites mal dormidas e a ansiedade em dobro. Os dias antes de chegar são sempre piores. O mar vermelho sempre vem, sempre. Só que sem teu barco. E que continue o ciclo. Tã nã nã nã tã nã nã tã nã nã nã tã nã nã nã ...

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

POR HEINER MULLER



Merteuil - Valmont. Eu dava por acaba a sua paixão por mim. Qual a origem desse repentino recrudescer? E com tanta força juvenil. Tarde de mais, porém. Não conseguirá inflamar meu coração. Nem ainda uma vez. Nunca mais. Não lhe digo sem pensar, Valmont. Mesmo assim, houve minutos, talvez devesse dizer momentos. Um minuto, isso é uma eternidade em que me senti feliz, graças a sua companhia. Estou falando de mim, Valmont. O que sei eu de seus sentimentos? E talvez fosse melhor falar de minutos no quais pude usá-lo. Isto é, a sua capacidade de lidar com a minha fisiologia, de sentir alguma coisa, na memória parece-me um sentimento de felicidade. Não esqueceu como tratar essa maquina. Não retira a sua mão. Não que eu sinta alguma coisa por você. É a minha pele que lembra. Você tem sorte no amor. A comedia dos sintomas lhe é poupada: você vê o que quer ver. O ideal seria ser cego surdo-mudo. Eu te assustei, Valmont? Como você é fácil de desanimar. Não o conhecia assim. As damas depois de mim lhe deixaram magoas? Lagrimas? Seu hálito tem sabor de solidão. O amante abandonado. Por que deveria te odiar? Nunca te amei... Rocemos a nossa pele uma com a outra. Ah, a escravidão dos corpos! O martírio de viver e não ser Deus. Isto foi bem encenado não? Não sou nenhuma criada de estábulo. Estou completamente fria, Valmont. Minha vida, minha morte, meu amado.

"A vergonha e a dor só se sente uma única vez".

Dia 123




Passei por perto da sua casa hoje, fiquei seria e irrequieta, meus pés batiam na cadeira da frente e batiam na parede do ônibus. Ele fazia a curva e como usualmente acontece eu estava sentada atrás do vidro de proteção do cobrador. Refletida, com o rosto todo oleoso, roupa suja e com medo de olhar para trás. Minha boca parecia acompanhar a saliva em câmera lenta até a sua passagem por ..., descia. E lá o ônibus em uma falta de noção faz questão de passar novamente na... frente da sua casa. Fiquei seria, irrequieta, com os pés parados e a mão prendendo a outra. O rosto ainda estava oleoso, a roupa mais suja e nem precisava ter o medo de olhar para trás, a sua rua estava bem ao meu lado, mais vazia do que antes, mais negra do antes, mais sem a gente andando e tropeçando. O sinal abre, a minha visão cancela, meu rosto cai e já na próxima parada devo descer para pegar outro ônibus. Outro ônibus. Pelo menos esse vai me tirar de perto de quase cometer um suicido ao me jogar nos seus braços. Se você ainda me pegasse tudo estaria bem, mas como você iria me deixar no chão... É..., não sei se eu conseguiria sobreviver a poucos metros. Hum, pensando melhor não sobrevivi.

E AGORA JOSÉ?



Calo-me perante você para apreciar o vento que trisca o teu cabelo. Respira. Ponho a tua coluna no lugar e teu cheiro sobe que nem fumaça. Aflita. Meus olhos só olham o teu conjunto. Pensa. A minha cabeça arruma artimanhas para te surpreender. Logo. E você nem está aqui para ver. Triste.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

APÓS O SINAL DEIXE A SUA MENSAGEM



Quero te ligar agora, perguntar se você está bem ou qual foi o tipo de pão que você comeu na janta. Na verdade quero escutar a melodia quase linear da sua voz e a sua respiração asmática. Quero te ligar apenas chamar por chamar e talvez falar com a secretaria eletrônica mesmo a deixando esperando durante muito tempo até desligar. Sentir borboletas na barriga e ficar sem respirar. Deixa eu te ligar. Por mim te ligaria agora, agora mesmo, no segundo que já passou, eu ligaria sim, você sabe eu sei. Sou impulsiva, não é de hoje e eu quero te ligar, já. Mas não posso. Não devo. Eu temo. Temo em te ligar e você ignorar a minha ligação, ou então pensar “ah lá vem ela de novo”, não quero ser um pé no saco mais eu só queria te ligar. Só te ligar. Só me ligar a você de alguma forma ou de forma alguma. Pronto, já passou a vontade.

sábado, 18 de setembro de 2010

LIQUIDSUGAR.



Ainda escuto Bobo Dylan e me emociono. Estou bem irritada e bem comigo mesma. Ainda tem oficina de interpretação hoje e amanhã e depois fim. Ele me provocou e eu só tenho o que agradecer! Gostaria de importar o meu antigo blog - liquidsugar.blogger.com.br - mas não faço a mínima idéia de como fazer isso. Coloquei na barra ao lado a pagina com os arquivos dele. Mudei. Mudei para o blogspot e parar de ter tantas contas em tantos lugares. Sem nada de mais, apenas um texto sobre galinha de capoeira que virava cabidela e todos bebiam cerveja. Só isso.