Minha arte é feita de feridas. Gosto dos cortes e sangue, gosto de saliva seca e céu da boca sem luar. Gosto de adagas, corações e destroços. Gosto da casca da laranja, do jogo de impaciência e números impares.
Fui feita para ser remendada e atirada a leões. Meu grunhido é de medo, é de vitória, é silencioso. Chego mansa como cobra e beijo sem dentes. Chego sem ser notada, chego em carne viva, chego descalça.
Eu chego, espumando de vontade em devorar o mundo com o meu corpo pequeno e dedos solitários. Eu chego.
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