CABOUSSE.

Perdão, adoraria que as coisas fáceis estivessem bem pertinho de mim, um tiro resolveria tudo, um acidente de carro também, superar? O que? Não preciso superar nenhum obstáculo porque eu passo por cima de todos, TODOS. Sou assim. Um pisa no meu pé e com cara de que não dói eu sofro por dentro, mas vamos recordar, não dói, não é mesmo? Por que isso? Já arruinei vidas inconsciente mais velha e tenho certeza que mais nova eu fazia isso direto. Ninguém está mal com isso, só eu. Roncos, roncos, roncos. Me pareço as vezes com uma caixa de papelão escrito frágil. Como um elefante pode ser frágil? Alguns devem se perguntar. Eu não sei. E como é que uma taça de cristal consegue derrubar falanges? Também não sei. Queria tanto me arrancar daqui. Remédios será que são suficientes? Ando surtando? Isso tudo é norma? Calma, respira mesmo sem ter ar. Criatura quem foi que te criou? Não foi a tua mãe, tenho certeza. Eu até que sinto saldade de quando era feto, isso é uma das coisas que penso as vezes. Quando eu era feto era mais feliz. Dava-me de comer, eu chutava pra deixar alguns alegres e pronto, trabalho feito. Eu nasci pra que mesmo hein? Pra marcar a vida das pessoas, só pode. Ainda bem que eu desempenho esse papel perfeitamente. Eu marco com verdadeiras cicatrizes as quedas. Tenho tantos hematomas no corpo que é difícil de saber qual é a cor da minha pele de verdade. Muito caos para tão pouco barulho. Ficar só eu fico. Endoidar eu não consigo.